As consequências de uma moeda desvalorizada

Atualizado em 05 março, 2015

Bruno Breithaupt
Presidente da Fecomércio SC

Estamos vivenciando um período de grande desvalorização do real frente ao dólar. Na terça-feira, por exemplo, a moeda norte-americana se mantinha acima de R$ 2,90, seu maior patamar desde outubro de 2004. Este cenário desfavorável para o real se deve, em grande medida, a fatores internos e externos, entre eles, as fortes pressões inflacionárias, a ameaça de racionamento hídrico e energético, a queda do preço de várias commodities – resultado da retração da demanda chinesa –, a recuperação econômica dos EUA e a consequente mudança de rumo de sua política monetária.

O aumento do dólar na economia brasileira impacta, principalmente, a inflação e o subsequente aumento dos juros. Afinal, com uma moeda norte-americana mais cara, os preços de nossas importações também tendem a ficar mais caros, especialmente os relacionados a matérias-primas industriais, máquinas e alimentos.

No entanto, a capacidade do comércio em repassar este aumento ao preço está prejudicada, pois a renda do consumidor está menor, assim como o acesso ao crédito. Essa combinação afeta em cheio o poder de compra. Para se ter uma ideia, o setor comercial fechou o ano de 2014 com o pior resultado em 11 anos, o que afeta também as ofertas de emprego no setor.

Podemos avaliar um possível impacto positivo da desvalorização do real, que seria o aumento da competitividade da economia brasileira no cenário externo com o rearranjo de preços relativos. No entanto, essa possibilidade é minimizada pelo aumento dos preços que o próprio movimento de desvalorização produz e, consequentemente, pela elevação dos juros e redução da demanda.

Diante desse cenário, chega-se à conclusão de que é necessário um pacote de medidas eficientes, que incluam as reformas tributária e trabalhista, para melhorar a competitividade de nossos produtos no cenário externo. Tais medidas não devem, no entanto, causar fortes efeitos colaterais à saúde econômica, como tem acontecido desde os últimos anúncios de ajustes feitos pelo governo.

Artigo publicado no jornal Diário Catarinense, edição de 4 de março de 2015.
 

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