Mesmo com manutenção da Selic, taxa é considerada excessiva para Fecomércio SC

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu por 6 votos a 2, na última quarta-feira (21), manter a taxa de juros básica da economia, a Selic, em 14,25%. A taxa baliza todos os juros da economia e por estar no maior nível desde 2006 encarece o crédito ao consumidor e das empresas. Nesse contexto, o juro do cartão de crédito já passou de 350% a.a.

A manutenção da taxa neste patamar parte do entendimento de que os juros já estão bastante elevados e isso já vem causando impactos negativos na atividade econômica do país e no mercado de trabalho. O FMI reviu as previsões para economia brasileira de queda de -1,0% do PIB para-3,5%. Essa revisão foi um dos fatores que fez com que o COPOM decidisse não aumentar os juros. As incertezas no mercado externo com a desaceleração da China e a forte queda do preço do petróleo também contribuíram para a manutenção da taxa. No entanto, o Comitê não descarta aumentos caso surjam novas pressões inflacionárias ao longo do ano.

Para a Fecomércio SC, o cenário inflacionário do país é preocupante e necessita de atenção. Entretanto, a resposta dos preços à elevada taxa de juros está se dando de maneira muita lenta, visto que a inflação brasileira não decorre do excesso de demanda, mas da inércia inflacionária surgida a partir do reajuste dos preços administrados no início do ano passado. Em contrapartida, a queda no volume de vendas do comércio e nos níveis de produção da indústria e demais setores já foi fortemente atingido ao reduzir o acesso ao crédito em toda a economia.

“Mesmo que o ciclo de alta tenha terminado, a taxa básica encontra-se num nível muito elevado. Atualmente, temos os maiores juros do mundo, o que impacta no próprio sucesso do atual ajuste econômico. Sem dúvida, é importante um maior controle da inflação, mas sem as sucessivas elevações dos juros que prejudicam o setor produtivo, ao onerar tanto o consumidor quanto os empresários”, completa o presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt.