Manutenção da taxa de juros indica que expectativas de inflação permanecem elevadas

Atualizado em 01 agosto, 2016

Reunião foi a primeira comandada pelo novo presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter por mais um mês a taxa de juros básica da economia em 14,25%. A Selic baliza todos os juros da economia e por estar no maior nível desde 2006 encarece o crédito ao consumidor e às empresas. Esta é a oitava manutenção consecutiva da taxa básica.

Com a Selic em um patamar considerado elevado, a retração econômica- que provoca queda na renda e do emprego, além de aumento das incertezas e da inadimplência- os demais juros da economia batem recorde.

Em maio, o cheque especial atingiu juros de 311% a.a., a maior marca desde 1994. O rotativo do cartão de crédito chegou a 471%a.a, segundo dados do Banco Central. A taxa média de juros para pessoa física chegou aos 42%a.a., maior nível desde que se começou a apuração pelo Banco Central em 2011. Essas taxas elevadas inibem as compras e o investimento ao provocar retração no crédito. Em maio, a variação do volume de vendas do comércio catarinense recuou 7,2% no acumulado de 12 meses.

O Comitê observou que ainda não está na hora de iniciar um ciclo de baixa na taxa de juros, visto que a inflação acima do esperado no curto prazo, por conta dos preços de alimentos, pode se mostrar persistente; permanecem as incertezas políticas quanto à aprovação e implementação dos ajustes econômicos; e um período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação. Nesse contexto, os demais juros da economia devem manter-se em alta, pois o Banco Central adiou o processo de redução da taxa básica SELIC.

Para a Fecomércio SC, o cenário inflacionário do país requer atenção. A resposta dos preços à elevada taxa de juros está se dando de maneira muita lenta. Por outro lado, a queda no volume de vendas do comércio e nos níveis de produção da indústria e demais setores já foi fortemente atingido ao reduzir o acesso ao crédito em toda a economia.  

“Mesmo que o ciclo de alta tenha terminado, a taxa básica encontra-se num nível bastante elevado. Atualmente, o Brasil tem os maiores juros do mundo, impactando, inclusive, o próprio sucesso do atual do ajuste econômico. A taxa Selic elevada impacta negativamente no estoque da dívida pública, pois a taxa é a remuneradora dos títulos de curto prazo do governo. Assim, o esforço fiscal necessário para estabilizar a trajetória da dívida se eleva”, frisa o presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt.

A Federação considera importante o controle da inflação, mas questiona que isso seja feito através de juros elevados. A medida prejudica o setor produtivo ao onerar consumidores e empresários em suas decisões de investimento e, assim, dificultar ainda mais a saída do país do patamar de retração da economia. “Outras medidas, como uma reforma tributária e trabalhista, capaz de incentivar a produtividade, seriam muito mais efetivas para combater os dois problemas: retração econômica e inflação”, finaliza Breithaupt.

(Foto: Divulgação/Banco Central)

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