ARTIGO Davos, Trump e o Brasil: o divã do livre comércio

Atualizado em 27 janeiro, 2017

Por Bruno Breithaupt, presidente da Fecomércio SC

O ano de 2017 pode trazer grandes mudanças no cenário internacional. Com a ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o discurso protecionista da nação mais rica do mundo ganha força. Além disso, o mundo observa uma tendência à reversão do processo de globalização que se deu nos últimos 30 anos. Nesse aspecto, o presidente Chinês, Xi Jinping, fez uma defesa enfática do livre comércio no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça. Segundo ele, em numa guerra comercial todos perderão.

A China certamente é uma das grandes beneficiárias do comércio internacional. Ao longo das três ultimas décadas, o país asiático chegou a ser a segunda maior economia e o principal país exportador do mundo. Só o Brasil importou US$ 23,3 milhões em 2016. Diante desse cenário, os interesses entre a China e os Estados Unidos divergem e o mundo deverá se manter atento.

É certo que este discurso tem reflexo na economia brasileira e o Brasil deve estar preparado para lidar com as mudanças no panorama global. Nesta semana, por exemplo, Donald Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do Tratado Transpacífico de Livre Comércio (TPP). O que no passado foi considerado um grande acordo que aumentaria a influência norte-americana na área asiática em detrimento da chinesa, hoje, com as alterações no mundo, o Tratado pelo que se vê não sairá do papel. O Brasil, que ficou de fora do TPP, deve ver isso como uma oportunidade de se aproximar dos países asiáticos, que antes davam prioridades para as negociações entre os países membros do próprio bloco.

O momento é propício para alcançar novos mercados. Os Estados Unidos representam 12,5% de nossas exportações, atrás apenas da China com 18,9%. Uma concentração muito alta de nossa pauta exportadora que, sob o protecionismo de Trump, exigirá diversificação.

Desse modo, independente das posições adotadas pelos Estados Unidos, o Brasil, como grande país que é, necessita saber aproveitar as novas oportunidades e manter seu foco, visando sempre uma maior abertura comercial, tanto para nossas exportações como para importações. Afinal, uma não existe sem a outra – para importar é necessário produzir riquezas e gerar divisas.

O livre comércio aumenta a eficiência das economias nacionais, reduz custos de produção e viabiliza a ampliação dos investimentos e geração de emprego e renda para toda população. Isso ainda ganha mais relevância quando se nota que grande parte das importações é de bens intermediários, ou seja, aqueles produtos usados como insumo pela indústria nacional. Reduzir o comércio internacional implica necessariamente em produtos mais caros e menos circulação de renda no país.

Para o Brasil poder competir em pé de igualdade com empresas americanas, europeias e asiáticas, a busca pelo livre comércio deve vir sempre acompanhada pela questão da competitividade. Isso significa dizer que o País terá que realizar reformas fundamentais – como a tributária e trabalhista, em que estão inseridas as questões de terceirização e o negociado sobre o legislado- e estruturar sua política educacional valorizando o empreendedorismo e a inovação.

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