Contorno Viário da Grande Florianópolis

Atualizado em 25 maio, 2018

Desde o final da década de 1990, a mobilidade é um dos desafios das cidades devido a concentração populacional nos grandes centros urbanos e a expansão dos veículos para uso individual. Enquanto o índice de veículos por habitantes aumenta, a infraestrutura urbana não consegue acompanhar essa realidade o que resulta no agravamento da mobilidade urbana.

Consolidada como um grande corredor de transporte de mercadorias no Brasil, a BR 101 liga 12 estados brasileiros e corta o país de norte a sul. No trecho que passa pelas cidades de Biguaçu, Florianópolis, São José e Palhoça, registra movimento intenso, misturando o tráfego local, de carga e até de pedestres. Diante desse cenário é urgente uma solução que impacte positivamente na mobilidade urbana e facilite o tráfego de produtos melhorando significativamente sua logística.

A entrega de uma obra como essa vai influenciar diretamente na rotina dos moradores de parte da área conurbada da Região Metropolitana. Segundo o relatório de impacto ambiental do projeto, a região é a que mais cresce em Santa Catarina, destacando a capital com sua alta concentração populacional.

A demanda pelo contorno viário torna-se ainda mais urgente quando essa região se destaca também como polo econômico. Segundo o IBGE, no ano de 2012, a soma da movimentação econômica da Região conforme a composição do PIB foi de R$ 25,7 bilhões, o equivalente a 14,5% do PIB estadual. Somado a isso, a forte presença na região de uma economia bastante diversificada, com a integração do setor de tecnologia com o setor produtivo e sua vocação para o turismo.

O projeto será capaz de potencializar essa característica econômica da região, com a melhoria de sua mobilidade urbana. O contorno reduzirá em 40% os veículos, especialmente caminhões, que trafegam pela zona interna da Grande Florianópolis – o maior gargalo de mobilidade urbana no Estado de Santa Catarina. Esses veículos poderão passar pela nova via, desafogando o trânsito interno e reduzindo em até 50% o tempo de viagem entre as regiões continentais da Grande Florianópolis e a ilha.

De acordo com pesquisa de Mobilidade Urbana em Santa Catarina, realizada pela Fecomércio SC no início deste ano, este movimento pendular é o principal provocador de perda na mobilidade urbana na região, refletindo na rotina da população que depende dessa via para se locomover e enfrenta congestionamentos diários.

O cenário de aumento de renda, de queda na inflação e no desemprego, experimentado na última década, foi determinante para a elevação do consumo de bens duráveis, como os automóveis e o crescimento do tráfego ao longo da via na BR 101, incluindo o transporte de cargas. Mas o novo padrão dos catarinenses não foi acompanhado de melhorias de infraestrutura urbana, causando gargalos nos trajetos municipal e intermunicipal. O deslocamento entre cidades criou gargalos, principalmente na região da Grande Florianópolis, onde ocorrem os maiores percentuais dessa mobilidade intermunicipal.

Estudos comprovam que o tempo de deslocamento médio casa – trabalho – casa, na região metropolitana da Grande Florianópolis é de quase uma hora. Valor elevado e que gera prejuízos econômicos da ordem 2,4% (R$ 631 milhões) do PIB também segundo o mesmo estudo, entre eles prestação de serviços inadequados e encarecimento do produto final. Portanto, a redução no tempo de deslocamento em até 50% certamente reduzirá perdas em até R$ 315 milhões acarretando, em ganhos de produtividade para a economia da região e se convertendo em uma fonte de emprego e renda.

A obra do Contorno Viário vai promover o desenvolvimento das regiões pela qual a via passará, as quais, atualmente, são consideraras zonas rurais. Em razão da facilidade logística há previsão de instalação de muitas empresas, o que contribuirá para o desenvolvimento principalmente do comércio, que naturalmente já vai surgir ao longo da nova via para atender a demanda criada pelos motoristas, constituindo, portanto, um novo eixo de desenvolvimento econômico.

Em médio prazo, além da economia nos custos relacionados ao tempo do viajante, a obra também trará economia dos custos de manutenção rodoviária, economia de custos associados à melhoria das condições operacionais e economia de custos associados aos acidentes evitados. E não se pode esquecer sua contribuição ambiental com a desconcentração da emissão de gases poluentes.

Diante desse cenário, a obra do Contorno Viário da Grande Florianópolis não é despesa para o setor público e sim um investimento a favor do desenvolvimento da Região Metropolitana. Não há crescimento econômico sustentável sem a existência de infraestrutura eficiente e eficaz, que atenda as demandas da sociedade e o bem-estar social

Leia também

30 novembro, 2022

Planos de transição e a situação financeira das famílias

19 julho, 2021

Reforma da previdência: uma mudança necessária

21 outubro, 2020

De olho na linha de chegada

28 maio, 2020

Impactos da pandemia em SC