ECONOMIA

Uma em cada cinco empresas de SC planeja investir já durante a pandemia

Atualizado em 03 agosto, 2020

Uma em cada cinco empresas em Santa Catarina pretende realizar investimentos ainda durante a pandemia, apesar das perdas de faturamento acumuladas nos últimos quatro meses por causa da redução da atividade econômica e da possibilidade de os efeitos da crise sanitária se estendam por mais tempo. Esta é uma das conclusões da quarta edição da pesquisa Impacto do coronavírus nos negócios de Santa Catarina, realizada pela Fecomércio SC, FIESC e pelo Sebrae/SC, divulgada nesta quarta-feira (29).

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Pelo menos  18,9% das empresas entrevistadas informam estar em busca de crédito para novos investimentos e projetos. É um percentual significativo, pois contrasta com a estimativa de perda de faturamento, que totaliza R$ 36,7 bilhões nos setores pesquisados, o que representa 8,4% do PIB estadual. Essa redução é de R$ 15,3 bi no comércio, R$ 12,8 bi nos serviços e R$ 8,6 bi na indústria. A análise anterior apresentava que até o final de abril a perda de faturamento em todos os setores tinha sido de R$ 19,6 bilhões.

“Os dados sinalizam a volta do otimismo, que se confirma em outros estudos que realizamos, os quais mostram que abril foi o pior mês do ano para a economia catarinense”, destaca o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar. “O fato de um em cada cinco empresários buscar recursos para novos projetos mostra a disposição de investir e isso é um dos aspectos mais importantes para que a retomada do crescimento seja sustentável”, destaca Aguiar.

A pesquisa mostra ainda o retorno das atividades econômicas. Um indicador disso é que, com adaptações, 87,5% das empresas já retomaram as atividades, embora de maneira desigual entre os portes, visto que o micro e pequeno negócio apresentam maiores dificuldades. O levantamento mostra que 25% das empresas estão com o funcionamento normalizado, 40,5% se readaptaram e 21,8% estão com produção reduzida. No outro lado, 11% estão fechadas temporariamente e 1,5%, definitivamente.

Em linha com os dados divulgados esta semana pelo Ministério da Economia, o estudo registra um movimento de retomada do emprego. Caiu o número de empresas que reduziram o quadro e aumentou a quantidade daquelas que geraram mais postos de trabalho. Na primeira edição da pesquisa, três em cada quatro (76,8%) empresas catarinenses mostraram ter reduzido a quantidade de trabalhadores contratados. Na atual medição, esse índice caiu praticamente pela metade e agora são 36,9%. Na outra ponta, 10,1% das empresas dizem ter aumentado seus quadros. Trata-se de um volume significativamente maior do que o de 1,6% registrado na terceira edição e que já representava o dobro dos levantamentos anteriores. As medidas previstas na MP 936/2020 são determinantes para a manutenção de emprego e renda, consideram os entrevistados da pesquisa.

O acesso ao crédito é crucial para a manutenção ou retomada das atividades, no entanto, apenas uma em cada três empresas que buscaram, obtiveram empréstimo, ainda que o número de financiamentos obtidos desde maio tenha aumentado 2,3 pontos percentuais. No total, 45,1% das empresas consultadas disseram ter procurado financiamento e somente 16,6% do total o obtiveram. Os entrevistados consideram que o acesso ao crédito poderia ter evitado as falências registradas durante a pandemia – e que são estimadas em 1,5% das empresas. O levantamento indagou os motivos dessas falências e as respostas indicam que 48% foram motivadas pela pandemia (redução de faturamento). Das demais, 12% são atribuídas a outros problemas não relacionados à pandemia e 40% pelo fato de as empresas já estarem em situação delicada, agravada durante a ocorrência da Covid-19. Neste contexto, 36% das entrevistadas afirmam que as falências poderiam ter sido evitadas caso houvesse acesso ao crédito.

Além do objetivo de realizar novos investimentos e projetos, os principais motivos para a busca de crédito são para fluxo de caixa (58%), pagamento de custos fixos (32,4%) e pagamento da folha e salários (20,3%).

Comércio e serviços

Os serviços são as atividades mais impactadas economicamente pela pandemia, a pesquisa demonstra que o setor apresenta maiores problemas para retomar as atividades, com 19,4% de empresas ainda fechadas, e também maiores dificuldades no acesso ao crédito (taxa de sucesso de 28,5% contra 38,2% do setor de comércio). Além disso, as perdas no faturamento no período analisado em comparação ao mesmo período do ano passado foram da ordem de 50% e estão concentradas nos segmentos ligados ao turismo, eventos, transporte – o patamar das perdas nos grupos de serviços pessoais e prestados às empresas ficou em torno de 20%, o único grupo que apresentou resultado positivo foi o de atividades imobiliárias.

Já o comércio apresenta sinais mais sólidos de retomada, com maior proporção de empresas funcionando, e 13,5% das empresas informando aumento em sua receita de vendas. As perdas do faturamento auferidos pela pesquisa indicam que o setor reduziu significativamente as perdas em relação ao período mais crítico economicamente em março e abril, que na média registrou queda de -27,5% no faturamento, contra as perdas de 17,1% informadas em Maio e Junho pelos empresários do setor, os dois grupamentos que apresentaram desempenho positivo foi o de comércio não-especializado, composto pelos segmentos de supermercados e lojas de departamento, e o de equipamentos de informática e comunicação.

“Com a leve recuperação do comércio e a contínua dificuldade dos serviços, os dados demonstram a necessidade de elaborar alternativas para a retomada segura da economia”, analisa o presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt. “A pesquisa também atua como instrumento para a construção de uma gestão estratégica e de políticas integradas para essa retomada segura das atividades, observando as questões econômicas, sociais e de saúde pública. Identificando pontos críticos e áreas mais sensíveis, é possível ter um direcionamento assertivo dos esforços para os setores mais fragilizados”, adiciona.

Micro e pequena empresa

Em relação aos pequenos negócios, as atividades mais prejudicadas são dos segmentos da economia criativa, como atividades culturais e artísticas, transportes escolares e turísticos, e eventos. Nesses ramos, seis em cada dez empresas seguem fechadas. O diretor técnico do Sebrae/SC, Luc Pinheiro, destaca que a situação dessas empresas é a mais dramática. “Sabemos que os segmentos devem ser os últimos a voltar com atuação completa e, consequentemente, os últimos a se recuperarem economicamente. Por isso é importante olharmos para esses negócios e buscarmos auxiliar na criação de soluções inovadoras que os ajudem a passar por esse período de crise”, comenta.

O estudo revela também a primeira recuperação de empregos nas micro e pequenas empresas desde o início da pandemia – o percentual de empresas que estão demitindo caiu de 37,7% para 21,8%, enquanto 4% têm saldo positivo de empregados. O segmento também se valeu das prerrogativas da MP 936/2020. No faturamento diário, os pequenos negócios tiveram uma queda de 77% até o dia 12 de abril, período em que as restrições de isolamento social eram mais intensas. A partir daí, as pequenas empresas vêm se recuperando com a volta gradual do funcionamento das atividades, tendo acumulado 58,1% de aumento no período até junho. Da mesma forma, a pesquisa mostrou ainda que o acesso ao crédito vem aumentando com uma maior taxa de sucesso na obtenção de empréstimos na rede bancária, sendo que um a cada três pequenos negócios conseguiram empréstimo, incremento de 13% na taxa de sucesso.

“Esses números são fundamentais para mostrar que, apesar das dificuldades, as políticas públicas adotadas até o momento estão surtindo efeito e apoiando os empresários. O caminho ainda é longo, mas as medidas de apoio aos pequenos negócios já começam a mostrar resultados”, comenta o diretor superintendente do Sebrae/SC, Carlos Henrique Ramos Fonseca.

Indústria

O levantamento ouviu 445 indústrias e mostra que cerca de 32% dos estabelecimentos do setor realizaram algum tipo de adaptação no processo produtivo para a retomada das atividades. Cerca de 40% do segmento está com redução na produção, um percentual bem inferior aos 68% da edição anterior.

Há uma queda estimada em 19,9% na produção industrial desde 17 de março, com retração de R$ 8,6 bilhões na produção industrial, sendo R$ 7,7 bilhões nas vendas ao mercado interno e R$ 790 milhões nas exportações. Quanto ao acesso ao crédito, em torno de metade das empresas do setor entrevistadas disse não ter buscado financiamento. Entre as demais, uma a cada duas empresas não obteve sucesso.

Conforme a análise, a indústria foi a que mais utilizou as prerrogativas da Medida Provisória 936/2020, afetando 40% dos empregos do setor. Segundo os resultados do levantamento, 40% das indústrias suspenderam contratos de trabalho no período. Já a redução de jornada e de salário foi adotada por 42% das empresas do setor, ou seja, 24,3% dos trabalhadores.
“A pesquisa mostra uma tendência à retomada da economia”, acrescenta o presidente da FIESC. “Se em abril se cogitava uma redução do PIB superior a 10%, hoje as estimativas são de uma queda bem inferior”, complementa.

Foram ouvidas 1,6 mil empresas de 6 a 12 de julho e a margem de erro da pesquisa geral é de 2,9%.

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