ECONOMIA

Inflação desacelera, mas permanece acima do teto da meta

Atualizado em 08 julho, 2021

A taxa da inflação oficial, medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), desacelerou em junho ao alcançar 0,53%, após atingir o maior valor dos últimos 25 anos no mês anterior (0,86%).  Esse resultado é o maior patamar desde 2018 (1,26%) e fica abaixo das expectativas de mercado, que apontava alta de 0,59% (Valor Data) na passagem do mês,

No acumulado de 12 meses, a inflação acelerou e chega a 8,35%. Esse resultado infringe o limite máximo da meta de inflação definida para o ano de 2021, que foi de 3,75%, com margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais para mais ou para menos. No ano, o IPCA acumula alta de 3,35%, maior resultado para o ano desde 2016, quando a inflação registrada no primeiro semestre foi de  4,42%.

Expectativas e impacto na taxa de juros

A desaceleração no mês pode ser reflexo do aperto monetário realizado pelo o Banco Central do Brasil (BACEN) desde março, ampliando a taxa SELIC de 2% para 4,25% ao ano. Ainda, o BACEN sinaliza a permanência no movimento de alta enquanto persistir a pressão inflacionária e até a convergência da inflação para a meta no horizonte, incluindo o ano de 2022. Nesse cenário, as expectativas do mercado, divulgadas no relatório Focus em 02 de julho de 2021, mostram elevação da SELIC ao patamar de 6,5% no encerramento do ano e IPCA em 6,07%. Portanto, as expectativas indicam que o segundo semestre do ano haverá redução do IPCA, mas com níveis de preço acima da meta da inflação.

Esse resultado pode ter efeitos negativos para os fluxos de investimentos e reduzir a retomada econômica ao encarecer o crédito, além de pressionar negativamente as perspectivas atuais dos empresários, especialmente, aqueles que tomaram créditos pós-fixados atrelados à SELIC.  A confiança do empresário do comércio catarinenses quanto ao nível de investimento situa-se em patamar pessimista desde maio de 2020, e encerra o primeiro semestre de 2021 com queda de 4,6% frente a janeiro desde ano, resultado que indica cautela dos empresários catarinenses.

Grupos de produtos

Dentre os noves grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta na passagem de maio para junho.  Os maiores impactos foram do grupo de habitação (1,10%), Alimentação e Bebidas (0,43%) e transporte (0,41%). Além disso, esses grupos da cesta de produtos sofrem forte aceleração no acumulado de 12 meses, com alta de 15,05% no transporte, 12,59% alimentação e bebidas e 8,72% habitação.

Quanto ao setor de Habitação, o resultado foi impulsionado pelos preços de energia, que deram um saldo de 1,95% em junho e que acumula alta de 14,20% em 12 meses. Ainda, a potencial crise energética é um risco no horizonte que pode afetar diretamente a inflação no curto prazo com a redução da geração hidrelétrica e aumento da produção termelétrica, em virtude da redução dos principais reservatórios. Essa situação já foi refletida em junho, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou reajuste da tarifa vermelha patamar 2 em 52% a partir de julho, alegando aumento do custo da geração de energia por causa da crise hídrica.

Do lado dos transportes, os combustíveis tiveram aumento de 0,87%, após os preços avançarem em maio  4,22%. No acumulado de 12 meses, o combustível tem alta de 43,92% e no ano de 26,69%. Apesar de uma leve redução da taxa de câmbio de 3% em junho, passando de R$/US$ 5,16 para R$/US$5,01, a permanência do patamar elevado e da valorização do barril de petróleo no mercado internacional mantém pressionado preço do combustível. Em junho, o barril de petróleo chegou ao patamar US$ 75,13, acréscimo de 47,1% frente ao valor do início do ano corrente (US$ 51,09).

Impactos na intenção consumo das famílias catarinenses

O efeito da aceleração dos níveis de preços, ao  reduzir o poder de compra , pode estar reforçando a diminuição da confiança das famílias quanto ao consumo. No encerramento do primeiro semestre do ano, o nível de consumo atual das famílias catarinenses reforçou as perdas do ano com queda de 10,29% frente ao mês anterior e renovou mais uma vez a mínima histórica da série ao atingir 19,0 pontos. Observa-se que os principais impactos dos preços estão vinculados a produtos essenciais, sobretudo, na alimentação dentro do domicilio e em despesas do cotidiano das famílias como a energia elétrica, gasolina, gás de botijão e acesso a internet.

Confira a movimentação dos índices de preço:

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