Artigo: O desejo de mudanças “manifestado” nas urnas

Bruno Breithaupt – Presidente do Sistema Fecomércio SC

07/10/2016

A eleição 2016 foi concluída majoritariamente no Estado, mas a campanha para o pleito municipal ainda segue nas ruas dos três maiores colégios eleitorais de Santa Catarina: Joinville, Florianópolis e Blumenau. E na próxima semana, eleitores das cidades que decidirão as eleições no segundo turno estarão atentos aos programas de rádio e televisão dos candidatos à prefeitura.

Embora não tenhamos ainda o encerramento de todo o pleito deste ano, que nos permitirá um conjunto de análises mais elaboradas em todo o país, conhecendo o saldo do primeiro turno, nos é permitido tirar algumas conclusões. Uma delas é que o recado das urnas é de mudança.

A população deixou muito claro isso em Santa Catarina, que registrou um percentual de renovação nas prefeituras alcançando 73%. Além dos números, é percebido que a resposta de mudança não significa uma troca de políticos, mas sim mudar a forma de fazer política. Outros dois fatores preponderantes nesta eleição foram a Operação Lava Jato e o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef. Em meio a este movimento ascendeu uma onda de moralização na política por parte da população.

Essa postura é perfeitamente observada no mapa dos votos de cada partido no Brasil, e em Santa Catarina. O Partido dos Trabalhadores sofreu o mais duro revés. Comanda atualmente 644 prefeituras no Brasil, e foi vitorioso em apenas 256 no último domingo. Isso significa que o partido governará uma parcela muito menor da população, reduzindo dos atuais 37.991 milhões de habitantes para 6.119 milhões a partir de 2017.

Em Santa Catarina não foi diferente, reduzindo de 42 prefeituras para 20, e de 308 vereadores para 204 a partir da próxima legislatura. Fica nítido que o partido já é o maior derrotado neste processo, segundo análises de suas próprias lideranças nacionais, como o próprio Fernando Haddad, atual prefeito de São Paulo.

Aqui no Estado perderam densidade nas Câmaras de vereadores também o PSD, que deixou 32 assentos legislativos, seguido por PPS e PMDB, que não elegeram 27 e 24 vereadores, respectivamente. Na outra ponta, o PR saiu do último domingo como o partido que mais cresceu no legislativo municipal, pulando de 62 para 169 vereadores, seguido por PSB e PSDB, que conquistaram mais 73 e 26 vagas nos legislativos municipais, respectivamente.

Sem sombra de dúvidas o recado das urnas no dia 02 de outubro foi contundente e conectado com os movimentos da sociedade.

E veio da cidade de São Paulo o exemplo mais genuíno desse desejo. Pela primeira vez na sua história, os paulistanos elegeram um prefeito em primeiro turno. Esse recado das urnas é ainda mais contundente uma vez que o prefeito eleito, João Dória (PSDB), reafirmou desde o início de sua campanha não ser um político, mas um gestor, fazendo coro aos reclamos de fim da reeleição e ampliando o discurso da privatização.

Entendo que esta é a grande mensagem que esse processo eleitoral já nos deixou. A necessidade de mudar as práticas políticas, as propostas, e assumir a gestão como um elemento central no Poder Executivo. Este é o vetor que permitirá às prefeituras saírem da situação absolutamente crítica em que se encontram. Ao passo que a demanda por serviços públicos por parte da população se acentua cada vez mais, o poder público está perdendo a capacidade de resposta em função da centralização dos recursos na União e da falta de gestão.

O segundo turno nos conduzirá à possibilidade de ampliar o debate sobre essa mudança de cultura política no Brasil, e esperamos que em Santa Catarina esse verso se faça ecoar nos três municípios neste segundo turno.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina reafirma o compromisso com os seus sindicatos filiados de estar sempre à disposição do poder público para contribuir com soluções que busquem a melhoria do nosso ambiente econômico, aumentando a competitividade dos nossos produtos e serviços, assegurando que esse crescimento nos permita alçar a um patamar de bem estar social condizente com necessidade da nossa população.