Quase 60% dos catarinenses estão endividados e 20% com contas em atraso, aponta Fecomércio SC
Cerca de 60% dos catarinenses estão com parte da renda comprometida com alguma conta parcelada, como cartão de crédito ou financiamento do carro, e 20% das famílias já estão com dívidas ou contas em atraso no mês de outubro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência dos Consumidores Catarinenses (PEIC-SC) da Fecomércio SC. Em setembro, o percentual de inadimplência encontrava-se em 18,8% e o de endividados em 55,8%.
Os indicadores de inadimplência, que atingiram o máximo da série histórica iniciada em janeiro de 2013, foram impactadas negativamente pela alta do custo do crédito, pela retração da renda e pelo cenário desfavorável do mercado de trabalho.
Apontado como o principal vilão do endividamento, o cartão de crédito lidera o ranking das dívidas dos catarinenses com 50,2%. Em segundo, terceiro e quarto lugar aparecem os carnês (34,8%), financiamento de carro (31,4%), financiamento de casa (18,2%).
O número de famílias que não terão condições de pagar suas dívidas caiu para 11,2%. No mês passado, esse indicador atingiu 11,8%, o maior da série histórica. Assim, a alta da inadimplência neste mês está vinculada à alta do indicador "famílias que não terão condições de pagar" no mês passado. Desse modo, o indicador funciona como uma prévia da inadimplência do mês seguinte.
"Embora os níveis de inadimplência tenham atingido o maior percentual da série histórica, o crescimento é estável, já que o tempo médio com dívidas em atraso ainda se situa num patamar bastante moderado. O indicador caiu neste mês para 65 dias, enquanto que a inadimplência considerada mais preocupante, a partir dos 90 dias, permanece estável. O aumento dos juros está se refletindo na capacidade das famílias efetivarem novas compras com o recurso do crédito. O varejo sente esse impacto, o que se traduz no volume de vendas reduzido. Assim, o sistema financeiro permanece saudável, mas o comércio se deteriora", alerta o presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt.
A percepção do nível de endividamento também subiu: o percentual dos muito endividados passou de 12,9% em setembro para 14,9% em outubro. O indicador dos mais ou menos endividados também cresceu, passando de 26,1% para 26,4%. O índice de pouco endividados subiu de 16,9% para 18,6%. Já os que responderam não ter dívidas somam 40,1% uma queda de 3,9% em comparação com o mês anterior.
"Todos esses indicadores se complementam e suas variações se devem muito a desaceleração da renda real das famílias, cuja massa salarial real retraiu -5,2% neste ano, puxada pela alta inflação. A elevação das taxas de juros também desempenha um papel de destaque no comportamento dessas variáveis", finaliza o economista da Fecomércio SC, Luciano Córdova.