Queda na indústria, agropecuária e serviços puxa PIB para baixo em 2016

Atualizado em 07 março, 2017

Economia brasileira encolheu 3,6% em relação ao ano anterior

Em 2016, o PIB brasileiro caiu 3,6% em relação ao ano anterior. Este é o segundo recuo consecutivo no Produto Interno Bruto anual- em 2015 havia sido 3,8%- e um dos maiores tombos da economia brasileira nas últimas décadas.

O setor de serviços, que inclui o comércio, encolheu 2,7% no ano passado, abaixo da agropecuária (-6,6%) e da indústria (-3,8%), conforme os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A soma de todos os bens e serviços produzidos no país em 2016 totalizou R$ 6.266,9 bilhões.

Nos serviços, todas as atividades tiveram resultado negativo: transporte, armazenagem e correio sofreu queda de 7,1%, seguida por comércio (-6,3%), outros serviços (-3,1%), serviços de informação (-3,0%) e intermediação financeira e seguros (-2,8%). As atividades imobiliárias variaram positivamente em 0,2%, enquanto que a administração, saúde e educação públicas (-0,1%) ficaram praticamente estáveis em relação ao ano anterior.

O decréscimo da agropecuária (-6,6%) decorreu, principalmente, do desempenho da agricultura. Na indústria, o destaque positivo foi o desempenho da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, que cresceu 4,7% em relação a 2015. A indústria de transformação teve queda de 5,2% no ano. A construção sofreu contração de 5,2%, enquanto que a extrativa mineral acumulou recuo de 2,9%, influenciada pela queda da extração de minérios ferrosos.

Na análise da despesa, pelo terceiro ano seguido houve contração da Formação Bruta de Capital Fixo (investimentos) de 10,2%. Este recuo é justificado pela queda da produção interna e da importação de bens de capital, além da queda da construção.

A despesa de consumo das famílias caiu 4,2% em relação ao ano anterior (-3,9%), resultado da deterioração dos indicadores de juros, crédito, emprego e renda ao longo de todo o ano de 2016. A despesa do consumo do governo, por sua vez, caiu 0,6%, ante a queda de 1,1% em 2015.

Já no setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 1,9%, enquanto que as importações de bens e serviços caíram 10,3%.

O PIB caiu 0,9% no 4º trimestre de 2016 frente ao 3º trimestre, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. É o oitavo resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. A agropecuária cresceu 1,0%, enquanto que a indústria (-0,7%) e os serviços (-0,8%) recuaram. Já na comparação com o último trimestre de 2015, o PIB sofreu contração de 2,5% em 2016, o 11º resultado negativo consecutivo. A queda foi puxada pela agropecuária (-5,0%), indústria (-2,4%) e serviços (-2,4%).

Reflexos da recessão

Nos últimos dois anos a economia brasileira recuou 7,4%, levando o PIB real de 2016 aos mesmos valores observados em 2010. A recessão brasileira, em termos de desempenho do PIB, é a maior desde o início da década de 1930, quando o país sofria os efeitos da crise de 1929, tinha como principal produto o café e passava por tempos turbulentos com a transição da República Velha e era de Getúlio Vargas.

“O momento que estamos vivendo poderá vir a ser considerada uma nova “década perdida”, pois a previsão é que o PIB volte a ser maior que o de 2010 somente em 2019. Os ganhos sociais dos últimos anos ficam ameaçados, já que o desemprego se elevou e a renda caiu. Além disso, observa-se uma queda acentuada do PIB per capita de 4,4% em 2016, alcançando R$ 30.407,00. Isso significa que cada brasileiro vem produzindo menos riqueza que anteriormente, dado as condições econômicas”, pondera o economista da Fecomércio SC, Luciano Córdova. Segundo ele, a recuperação econômica depende de uma série de fatores, entre eles o desendividamento familiar e a retomada do consumo com a manutenção da queda das taxas de juros e da inflação, que deve elevar a renda real da população.

Para o presidente da Federação, Bruno Breithaupt, o mais importante para o Brasil voltar a crescer é buscar um novo modelo de crescimento calcado em maiores estímulos aos investimentos privados e à atividade produtiva. “Para obter ganhos de produtividade é condição indispensável elevar a taxa de investimento, que recuou a apenas 16,4% do PIB em 2016. Isso será possível a partir da redução dos custos embutidos à produção através de uma reforma tributária, que simplifique e desburocratize o imposto do país, modernização na legislação trabalhista e a redução do custo do transporte e logística no Brasil. Nesse aspecto, o ajuste das contas públicas ganha relevância, principalmente por meio da reforma da previdência, que pode contribuir para estabilização da economia ao reduzir o endividamento público e tornar viáveis as grandes reformas modernizantes”, finaliza. 

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