Selic deve manter trajetória de queda, aponta Fecomércio SC

Atualizado em 20 outubro, 2016

Copom reduziu taxa básica de juros pela primeira vez em quatro anos

 

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu reduzir a taxa básica de juros da economia em 0,25 pontos percentuais. A Selic passou de 14,25% para 14,00%- a primeira redução desde 2012. Esta taxa baliza todos os juros da economia e por estar ainda em nível bastante elevado encarece o crédito ao consumidor e às empresas.

Com a Selic em um patamar considerado alto, a queda na renda e no emprego, as persistentes indefinições políticas e a inadimplência, os demais juros da economia batem recorde. Em agosto, o cheque especial atingiu juros de 321% a.a., a maior marca desde 1994. O rotativo do cartão de crédito foi a 475,2%a.a, segundo dados do Banco Central. A taxa média de juros para pessoa física chegou aos 41,8% a.a.

Conforme o economista da Fecomércio SC, Luciano Córdova, essas taxas elevadas inibem as compras e o investimento, ao provocar retração no crédito. “Em agosto, o volume de vendas do comércio catarinense retraiu 7,9% no acumulado de 12 meses. Os níveis de produção da indústria e demais setores também encolheram. O índice de atividade do Banco Central, que funciona como uma prévia do PIB, recuou 2,72% na comparação com agosto de 2015. A queda da taxa básica de juros parte do entendimento de que a inflação entrou numa trajetória de redução, principalmente pelo recuo nos preços dos alimentos e dos serviços”, afirma.

No entanto, como explica o economista, o Copom identificou riscos domésticos para o cenário básico da inflação: o processo de aprovação e consolidação dos ajustes necessários na economia é longo e envolve incertezas; o período prolongado com inflação alta e com expectativas acima da meta (6,5%) ainda pode reforçar mecanismos inerciais e retardar o processo de desinflação; e há sinais de pausa recente no processo de desinflação dos componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, o que pode indicar convergência mais lenta da inflação à meta.

Por outro lado, a inflação mostrou-se mais favorável no curto prazo, o que pode apontar menor persistência no processo inflacionário; o nível de ociosidade na economia pode produzir desinflação mais rápida do que a refletida nas projeções do Copom; e os primeiros passos no processo de ajustes necessários na economia foram positivos.

Juros congelam investimentos e consumo

Para a Fecomércio SC, a resposta dos preços à elevada taxa de juros está se dando de maneira muita lenta. Mesmo que o ciclo de baixa já tenha começado, a taxa ainda encontra-se num nível muito elevado.

“Temos os maiores juros do mundo, o que influencia inclusive, no próprio sucesso do atual do ajuste econômico. A taxa Selic elevada impacta negativamente no estoque da dívida pública, pois a taxa é a remuneradora dos títulos de curto prazo do governo. Assim, o esforço fiscal para estabilizar a trajetória da dívida se eleva. É evidente a necessidade de o governo por em prática as medidas de maior controle do gasto público, como a aprovação da PEC 241 que limita o crescimento dos gastos à variação da inflação e da Reforma da Previdência”, comenta o presidente da Federação, Bruno Breithaupt.

Segundo ele, o controle da inflação é necessário, mas não por meio da elevação de juros, que congelam os investimentos do setor produtivo e a intenção de consumo da população, dificultando ainda mais a saída do país do patamar de retração da economia. “Outras medidas, como uma reforma tributária e trabalhista, capaz de incentivar a produtividade, seriam muito mais efetivas para combater os dois problemas: retração econômica e inflação”, finaliza.

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