Selic volta a ter um dígito após quatro anos

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 1,0 ponto percentual, passando de 10,25% para 9,25%. Esta é a primeira vez que a taxa volta a ter um dígito após quatro anos.  

A taxa de juros baliza todos os juros da economia e por estar ainda em nível bastante elevado encarece o crédito ao consumidor e às empresas. Com a Selic neste patamar, a retração econômica bate recordes negativos, com queda na renda, aumento do emprego e da inadimplência, além da alta dos juros. Segundo dados do Banco Central, o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito estão acima dos 300% a.a.

Segundo o economista da Fecomércio SC, Luciano Córdova, ainda que o ciclo de baixa dos juros tenha começado, a taxa encontra-se em um nível muito elevada. “Dado o próprio cenário de retração econômica, a queda da SELIC poderia ser ainda mais expressiva. Atualmente, temos um dos maiores juros do mundo, o que acaba freando a retomada. A alta taxa impacta negativamente no estoque da dívida pública, pois é a remuneradora dos títulos de curto prazo do governo. Assim, o esforço fiscal necessário para estabilizar a trajetória da dívida fica ainda maior”, explica.

Um dos mais prejudicados com o atual nível de juros é o setor produtivo, visto que as taxas oneraram tanto o consumidor, quanto os empresários em suas decisões de investimento e consumo. “Medidas como a Reforma Tributária e a Previdenciária seriam mais efetivas e capazes de incentivar a produtividade, combatendo dois problemas: a retração econômica e a inflação”, pondera o economista.

A redução da taxa básica de juros parte do entendimento de que a inflação entrou numa trajetória de redução, principalmente pela queda dos preços dos alimentos e dos serviços. Em junho, a inflação calculada pelo IPCA em 3,0%, abaixo do centro da meta de 4,5%. No fim do ano estima-se que a SELIC estará em 8,0%.