Desaba a confiança do empresário catarinense com a economia
A pesquisa da Fecomércio SC sobre o Índice de Confiança do Empresário do Comércio catarinense ficou no mês de março, pela primeira vez, abaixo dos 100 pontos, o pior resultado da série histórica iniciada em janeiro de 2010, patamar considerado de pessimista numa escala que vai de 0 a 200. O ICEC marcou 92,6 pontos, queda mensal de -8,7% e anual de -24%. Com exceção de apenas um indicador, o de Expectativas das Empresas Comerciais (EEC), que marcou elevação de 2,1% na variação mensal, todos os demais índices e subíndices da pesquisa atingiram percentuais negativos. O índice de Condições Atuais do Empresário do Comércio caiu -33,2% no ano e -14,9% no mês, também o menor resultado da série histórica.
Dentre os subíndices que compõem o ICAEC, todos os indiciadores apresentaram queda mensal e anual. O de Condições Atuais da Economia (CAE) caiu, no ano, -58,2%, passando de 82,3 pontos em março de 2014 para 34,4 pontos em março de 2015. Na comparação mensal, a retração foi de -21,1%. O subíndice de Condições Atuais do Comércio (CAC) apresentou variação negativa expressiva de -31,8% na comparação anual e de -16,0% na comparação mensal. Em termos absolutos, o subíndice marca 61,8 pontos; inferior aos 73,6 pontos de março. Por fim, o subíndice de Condições Atuais das Empresas do Comércio (CAEC) caiu -15,1%, explicado pela restrição ao crédito cada mês mais crescente. Na comparação mensal houve queda de -11,4%. Em termos absolutos fechou o mês de março com 90,7 pontos.
Expectativa e Investimentos
O Índice de Expectativa do Empresário do Comércio (IEEC) caiu -21,2% no ano e -3,7% na variação mensal. Dos 128,4 pontos em fevereiro, o índice foi para 123,6 pontos. Essa redução está em sintonia com as sucessivas revisões para baixo do crescimento do PIB e indica que a confiança do empresário do comércio nas possibilidades de vendas futuras, ainda permanece positiva, mas a cautela será a palavra de ordem do comércio nos próximos meses.
O IIEC, Índice de Investimento do Empresário do Comércio caiu -10% e ficou no patamar de 92,2 pontos em março. No ano, a queda foi de -20%. Este resultado decorre das difíceis condições atuais da economia, como a restrição ao crédito e aos juros elevados (tanto ao consumidor, quanto ao empresário), e indicam que as fortes pressões inflacionárias, provindas da desvalorização do real, e o desaquecimento do mercado interno acendem um sinal pessimista e de preocupação aos empresários.
Pessimismo persiste
No âmbito geral, a situação é de grande pessimismo persistente, associado ao ajuste econômico de caráter recessivo, anunciado pela equipe econômica do governo, ao baixo volume de vendas no estado e à forte desvalorização do real, que pode fazer a inflação passar dos 8%, já que encarece as importações. Para os empresários do comércio catarinense, o momento atual da economia reflete uma visão de insegurança quanto ao futuro, ainda que certa expectativa de melhora exista apenas para o ano que vem. Essa sensação de insegurança está corroborada pelo baixo volume de vendas e sucessivas revisões para menor do crescimento do PIB.
O mercado interno em deterioração – devido às restrições ao crédito (associado às altas taxas de juros, tanto ao consumidor, quanto para o empresário), às pressões inflacionárias, (que tendem a se agravar com a desvalorização do real e o reajuste da energia) e ao crescimento reduzido da renda e do emprego – faz com que as vendas desacelerem, gerando menos receita em uma estrutura de custos já elevados. Desta maneira, o resultado do varejo fica comprometido, gerando grande pessimismo e bloqueio dos investimentos, tendo em vista que os empresários avaliam que o retorno desses investimentos não compensará mais seus custos.