Número de inadimplentes mais do que dobra em cinco anos em SC
Desde o início da série histórica, o cartão de crédito é o principal agente de endividamento
Os números de endividamento acendem um sinal de alerta no mercado: cerca de 350* mil famílias estão com a renda comprometida com algum tipo de dívida em Santa Catarina, reflexo da desaceleração do mercado com a queda da renda e o aumento no desemprego. Seis a cada dez famílias fecharam o 1º semestre de 2017 endividados, cerca de 20% com contas em atraso e 12% sem condições de pagar. No Brasil, até junho deste ano, o índice é de 57,1%- com o Sul (80,1%) puxando o número para cima- 23,7% e 9,6%, respectivamente.
Desde o início da série histórica, o cartão de crédito é o principal agente de endividamento. Com exceção dos carnês, os débitos (como financiamento de carro e crédito pessoal, por exemplo) são prioritariamente com bancos – que praticam juros altíssimos, comprometendo ainda mais o poder de compra do consumidor.
Avaliando o comportamento do primeiro semestre entre 2013 e 2017, é possível observar que o índice de inadimplentes mais do que dobrou, saltando de 5,08% para 11,61%, e o percentual de famílias com contas atrasadas superou 20% nos últimos cinco anos. A alta desses dois indicadores está relacionada também à queda na oferta de crédito, visto que a falta de recursos disponíveis faz com que as famílias demorem mais para quitar os débitos ou acabem recorrendo às linhas mais caras de empréstimos ou financiamentos para sair do vermelho, criando a ‘bola de neve’ de dívidas.
*Para estimar o número total de famílias endividadas de cada município, a PEIC leva em conta os dados disponibilizados pelo Censo do IBGE (2010), além de uma estimativa de população dos munícipios ao longo dos anos. Através da abordagem do consumidor por telefone é questionado se alguém da família está endividado e, com uma amostra de significância estatística da população, é possível calcular o número absoluto a partir do número total de famílias por cidade.
Análise por cidade
A Capital continua como a mais endividada em SC, porém o indicador ‘Não tem condições de pagar’ (inadimplentes) é maior em Joinville (13,3%) e Itajaí (12,91%). A cidade no Norte de SC- apesar do início de recuperação da indústria em 2017 – foi bastante afetada pelo desemprego no ano passado (fechamento de 2,8 mil vagas) e queda da atividade. Itajaí também sentiu os impactos da “tempestade perfeita” na indústria naval: a cidade limou cerca de 2600 vagas.
Em Florianópolis, que concentra o maior número de órgãos públicos, que trazem estabilidade, e renda mensal média mais alta, os consumidores têm mais acesso ao crédito, logo, mais poder de compra e também maior propensão a endividar-se.
Impulsionada pelo crescimento do agronegócio, o Oeste tem os melhores números nos três indicadores da PEIC. Os reflexos ficam visíveis no comportamento do consumidor nas datas comemorativas: os chapecoenses são os que mais compram à vista e as lojas têm o maior faturamento entre as cidades pesquisadas.
Médias das cidades no primeiro semestre de 2017
Blumenau
Endividamento: 52,3%
Contas em atraso: 17,5%
Não tem condições de pagar: 12,4%
CARTÃO DE CRÉDITO: 48,9%
Chapecó
Endividamento:46,9%
Contas em atraso: 13,8%
Não tem condições de pagar: 6,26%
CARTÃO DE CRÉDITO: 34,35%
Florianópolis
Endividamento: 85,9%
Contas em atraso: 21,8%
Não tem condições de pagar: 8,65%
CARTÃO DE CRÉDITO: 72%
Joinville
Endividamento: 49,3%
Contas em atraso: 20,6%
Não tem condições de pagar: 13,3%
CARTÃO DE CRÉDITO:49,6%
Itajaí
Endividamento:49,8%
Contas em atraso: 20,1%
Não tem condições de pagar: 12,91%
CARTÃO DE CRÉDITO: 56,9%
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