MERCADO
Paralisação dos caminhoneiros afetou quase 80% dos empresários em Santa Catarina
A Fecomércio SC realizou uma nova sondagem com empresários do comércio, serviços e turismo em Santa Catarina, na terça-feira (29), nono dia de paralisação dos caminhoneiros, para avaliar os impactos no abastecimento das empresas.
De acordo com o presidente da Fecomércio SC, Bruno Breithaupt, os reajustes progressivos “não devem mais penalizar o setor produtivo e a sociedade, desidratando a competitividade dos produtos e serviços brasileiros“.
Foram realizadas seis perguntas para 101 empresários dos municípios de Balneário Camboriú, Blumenau, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Joaçaba, Joinville, Lages, Laguna e Rio Negrinho. Os dados foram apurados com os segmentos: restaurantes (40,6%), hotel (17,8%), farmácia (11,9%), atacado (6,9%), supermercados (6,9%), material de construção (6,9%), posto de gasolina (5,0%) e transporte intermunicipal (4,0%).
Para 79,2% dos empresários a greve dos caminhoneiros afetou o abastecimento ou a atividade da empresa de alguma maneira. Na primeira sondagem, apurada no 4º dia de paralisação, o índice estava em 77,3%.
A magnitude do desabastecimento diminuiu em relação ao percentual da semana passada (61,4%). Nesta sondagem, 40,8% das mercadorias ou insumos encomendados não chegaram ao destino, segundo os empresários ouvidos.
Os segmentos mais afetados foram os postos de gasolina, onde 90% do combustível encomendado não chegou, seguido pelo segmento de material de construção, que deixou de receber 70% dos produtos, e o transporte intermunicipal (67,5%), também impactado pela falta de insumos.
A Fecomércio SC perguntou se os empresários adotaram alguma estratégia para contornar o desabastecimento neste período. Na semana passada, 60,5% não haviam adotado nenhuma. Como a paralisação se estendeu e o desabastecimento começou a ser sentido no faturamento, algumas medidas tiveram que ser tomadas e o percentual caiu para 51,5%.
Medidas utilizadas para contornar o desabastecimento:
- Adiantar folgas;
- Buscar insumos diretamente na distribuidora;
- Estabelecer limite de compra por cliente;
- Empresário já havia feito estoque pois sabia que iria ter greve;
- Alterar fornecedor para mais perto do estabelecimento;
- Redução do horário de atendimento
Fonte: Núcleo de pesquisas/Fecomércio SC
A entidade também perguntou sobre a variação do faturamento neste período. As perdas foram estimadas em -32,4% no setor de comércio, serviços e turismo. Os impactos foram bastante significativos no setor de hotéis (-41,7%) e atacado (-41,4%). Por outro lado, a queda foi menor nas farmácias (-10%).
O impacto financeiro foi de cerca de R$ 350 milhões para o setor de comércio, serviços e turismo em Santa Catarina.
Articulação estadual
A segunda sondagem foi encaminhada ao Governo do Estado para dar subsídios na tomada de decisão e alertar sobre os impactos reais da paralisação no transporte de cargas.
O Conselho das Federações Empresariais de Santa Catarina (COFEM), que representa todos os setores da economia catarinense, lançou um manifesto defendendo o restabelecimento da normalidade institucional, na terça-feira (29). Durante a tarde, lideranças empresariais, parlamentares, Judiciário e o governador Eduardo Pinho Moreira estiveram reunidos na Alesc para avaliar os reflexos da paralisação nas atividades econômicas e na geração de receitas em Santa Catarina. Na última quinta-feira (24), o Governo já havia reunido o setor produtivo catarinense para discutir os impactos.
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